É de fundamental importância saber que
existem diferentes linhas pedagógicas que vêm apresentando-se como alternativas
ao método tradicional. Construtivista, Montessoriana, Waldorf ou Tradicional,
conheça agora as principais correntes pedagógicas adotadas pelas escolas.
Linha Construtivista
Inspirado nas idéias do suíço Jean Piaget (1896- 1980),
o método procura instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a encontrar as
respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a
realidade e com os colegas.
Uma aluna de Piaget, Emilia Ferrero, ampliou a teoria
para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se
alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com
letras e textos.
O construtivismo propõe que o aluno participe
ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em
grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros
procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos
objetos e construindo as características do mundo.
Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume
e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive. Vão
sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo
muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua conduta
vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de objetos e de
pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá
acontecer.
O método enfatiza a importância do erro não como um
tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a
rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização
de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.
As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
Existem várias escolas utilizando este método. Mais do
que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que busca
explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do individuo no
decorrer de sua vida.
Linha Montessoriana
Criada pela pedagoga italiana Maria
Montessori (1870-1952), a linha montessoriana valoriza a educação pelos
sentidos e pelo movimento para estimular a concentração e as percepções
sensório-motoras da criança.
O método parte da idéia de que a criança é dotada de
infinitas potencialidades. Individualidade, atividade e liberdade do aluno são
as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente,
sujeito e objeto do ensino.
Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a
vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais
importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante
e nutrir paz e densidade interiores para ter a capacidade de amar.
As escolas montessorianas incentivam seus alunos a
desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e adquirir
autoconfiança. As instituições levam em conta a personalidade de cada criança,
enfatizando experiências e manuseios de materiais para obter a concentração
individual e o aprendizado. Os alunos são expostos a trabalhos, jogos e
atividades lúdicas, que os aproximem da ciência, da arte e da música.
A divisão das turmas segue um modelo diferente do
convencional: as crianças de idades diferentes são agrupadas numa mesma turma.
Nessas classes, alunos de 5 e 6 anos estudam na mesma sala e seguem um programa
único. Posteriormente eles passam para as turmas de 7 e 8, em seguida para as
de 9 e 10, e, finalmente alcançam o último estágio, que agrega jovens de
11,12,13 e 14 anos. Até os 10 anos, os alunos têm aulas com um único professor
polivalente, enquanto nas salas de 11 a 14, esse professor ganha a companhia de
docentes específicos para cada disciplina.
Os professores dessa linha de ensino são guias que
removem obstáculos da aprendizagem, localizando e trabalhando as dificuldades
de cada aluno. Sugerem e orientam as atividades, deixando que o próprio aluno
se corrija, adquirindo assim maior autoconfiança.
A avaliação é realizada para todas as tarefas,
portanto, não existem provas formais.
Linha Waldorf
A Pedagogia Waldorf se baseia na Antroposofia (gr.:
antropos = ser humano; sofia = sabedoria), ciência elaborada por Rudolf Steiner, que estuda o ser humano em
seus três aspectos: o físico, a alma e o espírito, de acordo com as
características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita
integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e
o querer.
Foi criada em 1919 na Alemanha e está presente no mundo
inteiro. O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque
nas atividades corporais, artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos
estudantes. O foco principal da Pedagogia Waldorf é o de desenvolver seres
humanos capazes de, por eles próprios, dar sentido e direção às suas vidas.
Tanto o aprimoramento cognitivo como o amadurecimento
emocional e a capacidade volitiva recebem igual atenção no dia a dia da escola.
Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não de
mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e
espirituais necessárias ao ser humano.
O currículo, que se orienta pela lei básica da
biografia humana, os setênios – ciclos de sete anos- (0-7/ 7-14/ 14-21) oferece
ricas vivências, alternando as matérias do conhecimento com aquelas que se
direcionam ao sentir e agir. Não há repetência, justamente para que as etapas
de aprendizagem possam estar em sintonia com o ritmo biológico próprio de cada
idade.
No primeiro ciclo (0-7), a ênfase é no desenvolvimento
psicomotor, essa fase é dedicada principalmente às atividades lúdicas, ela não
inclui o processo de alfabetização. O segundo ciclo (7-14), que corresponde ao
ensino fundamental, compreende a alfabetização e a educação dos sentimentos,
para que os alunos adquiram maturidade emocional. Nesta fase, não existe
professores específicos para cada disciplina, mas sim um tutor responsável por
todas as matérias, que acompanha a mesma turma durante os sete anos. O tutor é
uma referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se
espelhar.
Já no terceiro ciclo, equivalente ao ensino médio
(14-21), o estudante está pronto para exercitar o pensamento e fazer uma
análise crítica do mundo. As disciplinas são dividas por épocas, em vez de ter
aulas de diversas disciplinas ao longo do dia ou da semana, o estudante passa
quatro semanas vendo uma única matéria. Nessa fase entram os professores
especialistas, mas as classes continuam com um tutor.
A avaliação dos alunos é baseada nas atividades
diárias, que resultam em boletins descritivos. O progresso dos alunos é exposto
detalhadamente em boletins manuscritos, nos quais são mencionadas as
habilidades sociais e virtudes como perseverança, interesse, automotivação e
força de vontade. Como conseqüência, o jovem aluno tem grandes chances de se
tornar um adulto saudável e equilibrado capaz de agir com segurança no mundo.
Linha Tradicional
A linha tradicional de ensino teve a sua origem no
século XVIII, a partir do Iluminismo. O objetivo principal era universalizar o
acesso do indivíduo ao conhecimento. Possui um modelo firmado e certa
resistência em aceitar inovações, e por isso foi considerada ultrapassada nas
décadas de 60 e 70.
As escolas que adotam a linha tradicional acreditam que
a formação de um aluno crítico e criativo depende justamente da bagagem de
informação adquirida e do domínio dos conhecimentos consolidados.
Não há lugar para o aluno atuar, agir ou reagir de
forma individual. Não existem atividades práticas que permitem aos alunos
inquirir, criar e construir. Geralmente, as aulas são expositivas, com muita
teoria e exercícios sistematizados para a memorização.
O professor é o guia do processo educativo e exerce uma
espécie de “poder”. Tem como função transmitir conhecimento e informações,
mantendo certa distância dos alunos, que são “elementos passivos”, em sala de
aula.
As avaliações são periódicas, por meio de provas, e
medem a quantidade de informação que o aluno conseguiu absorver.
São escolas que preparam seus alunos para o vestibular
desde o início do currículo escolar e enfatizam que não há como formar um aluno
questionador sem uma base sólida, rígida e normativa de informação.
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